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Miscigenação e mestiçagem: o retrato do Brasil

7 de julho de 2022

6 min. de leitura

A história do Brasil foi marcada pela miscigenação e mestiçagem, mistura de diferentes povos e etnias. Saiba mais sobre quem são os brasileiros com a gen-t.

Miscigenação ou mestiçagem é a mistura de diferentes povos e etnias. E o resultado dessa combinação ao longo do tempo é a constituição de uma população multiétnica que descende de duas ou mais etnias. Como consequência disso, essas populações combinam características físicas e culturais das suas diferentes origens.

A título de exemplo, a América Latina foi uma das principais regiões miscigenadas do mundo desde o século 16. As misturas étnicas ocorreram sobretudo entre europeus colonizadores, principalmente portugueses e espanhóis, com povos originários, os ameríndios, e africanos, que foram escravizados pelos europeus e levados ao continente americano.

Segundo o CIA Paper Book, 13 dos 35 países latino-americanos têm a maior parte da sua população miscigenada. E o Brasil, é claro, está entre eles. Um reflexo disso pode ser observado no último recenseamento demográfico feito no Brasil, o Censo 2010. De acordo com o Censo, 43,1% da população brasileira se identificou como parda, enquanto 47,7% como branca, 7,6% como preta, 1% como amarela e 0,4% como indígena.

História da miscigenação no Brasil

Primeiramente é importante dizer que os portugueses por si só já são um povo miscigenado. São resultado da combinação entre povos lusitanos com celtas, romanos, germânicos, mouros e judaicos. Eles chegaram ao Brasil em 1500 e deram início à história da miscigenação ou mestiçagem, a partir de então, do Brasil.

As primeiras intersecções étnicas se deram entre homens portugueses com mulheres de diversas etnias indígenas. Essas etnias já viviam no território que hoje conhecemos como Brasil há pelo menos 12 mil anos.

Pouco depois, na segunda metade do século 16, entre os homens portugueses com mulheres negras escravizadas com origem na África oriental e centro-ocidental. Em menor proporção, também ocorreram entre os homens africanos e mulheres indígenas.

No século 17, outro povo europeu invadiu o Brasil , especificamente o estado de Pernambuco. A nova onda de miscigenação durou mais de 20 anos de dominação: estamos falando dos holandeses, de origem batava.

Nos séculos 19 e 20, o Brasil recebeu imigrantes de diversas partes do mundo. Alemanha, Espanha, Itália, Japão, Líbano e Síria estão entre os principais países. Esses povos criaram suas comunidades em todas as regiões do país e acabaram se misturando às outras etnias e combinações multiétnicas únicas do Brasil.

O retrato molecular do Brasil

Pouco mais da metade dos brasileiros se considerarem brancos, segundo o Censo 2010. Apesar disso, a maior parte da população do Brasil é miscigenada. Isso é o que indica a pesquisa “O retrato molecular do Brasil”, do médico geneticista e pesquisador Sérgio Danilo Pena, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

De 1996 a 2000, Pena comparou o DNA de 247 brasileiros brancos das regiões norte, nordeste, sudeste e sul do Brasil com o de europeus, africanos e indígenas com o intuito de entender as possíveis combinações genéticas.

Inesperadamente, o resultado nos mostra que a evidência visual da autoidentificação da cor da pele não necessariamente indica a origem étnica. Em outras palavras, o estudo revela que a maioria dos participantes da pesquisa possuíam linhagens paternas de europeus (de 66 a 85%), assim como a maioria das linhagens maternas são de mulheres indígenas e africanas (61%). Contudo, praticamente não há registro de linhas paternas indígenas.

Dessa maneira, a pesquisa foi batizada em homenagem ao livro “Retrato do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira”, de Paulo Prado. Ela se complementa a obras como “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, e “Casa Grande e Senzala”, de Gilberto Freyre, e “O povo brasileiro”, de Darcy Ribeiro. Em resumo, o que todas têm em comum? Elas investigam a origem do brasileiro segundo uma visão histórica, sociológica, antropológica e cultural.

Projeto Genoma Humano

A grande diferença do trabalho do geneticista é que, pela primeira vez, foi incluída a genética na equação. Dessa forma, trouxe uma nova perspectiva sobre a miscigenação que aconteceu na história do Brasil.

Isso só foi possível graças ao avanço das tecnologias laboratoriais na área da genética e genômica, sobretudo o consórcio internacional Projeto Genoma Humano, que fez pela primeira vez o mapeamento completo da informação genética de uma pessoa, cujo lançamento coincidiu com “O retrato molecular do Brasil”.

Na pesquisa brasileira, os marcadores moleculares que apontaram os resultados foram o cromossomo Y (para as linhas paternas ou patrlinhagens) e o DNA mitocondrial (para as linhas maternas ou matrilinhagens). Esses dados foram comparados a estudos feitos em populações de outros países de forma isolada.

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