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Dra. Lygia da Veiga Pereira, geneticista e CEO

24 de agosto de 2022

6 min. de leitura

“As descobertas do projeto podem se traduzir no desenvolvimento de novos medicamentos mais eficazes, mais específicos e mais inteligentes. E o melhor de tudo: este não é um benefício para o indivíduo, é um benefício para todos.” – Lygia da Veiga Pereira, geneticista, pesquisadora, fundadora e CEO da gen-t, sobre um dos motivos para a criação da healthtech que reúne genética, gente e tecnologia.

Lygia da Veiga Pereira, cientista que no início dos anos 2000 criou a primeira linhagem de células-tronco embrionárias humanas no Brasil, está – acredite – diante de um dos maiores desafios de sua trajetória profissional. Desde setembro de 2021, ela lidera o maior e mais diverso banco genético privado em construção da América Latina, healthtech que fundou e batizou de gen-t.

Foi em meados de 2017, ao ler um artigo científico sobre a falta de diversidade em bancos genéticos e o prejuízo desse fato para a ciência, que Lygia começou a alimentar um sentimento de inconformidade. Isso porque os bancos genéticos estão concentrados, em sua grande maioria, nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, e praticamente não contém genomas de populações não brancas.

No ano seguinte, a pesquisadora participou de um seminário na Europa em que foram apresentados vários projetos novos que buscavam contemplar mais diversidade para os estudos genômicos em nível mundial, mas nenhum deles em terras brasileiras. Foi aí que começou a enxergar no Brasil a solução para essa falta de diversidade.

Desde então, se debruçou para entender como viabilizar a entrada do Brasil no mapa dos mais relevantes bancos genômicos mundiais. Primeiramente, criou o projeto DNA do Brasil, em parceria com o Ministério da Saúde, que lidera ainda hoje. Depois, a partir da experiência internacional, entendeu que era possível somar esforços da iniciativa privada à missão. Foi nesse momento que decidiu fundar a sua própria empresa ao lado de outros renomados pesquisadores brasileiros, buscando complementar a iniciativa pública.

A seguir, saiba mais sobre a trajetória dessa ilustre cientista brasileira, entre os mais importantes nomes da ciência atualmente. Entenda o tamanho do novo desafio que ela lidera, assim como os benefícios que pretende trazer para todos os brasileiros e para a humanidade.

Como a Dra. Lygia da Veiga Pereira chegou à genética

Desde muito cedo, ainda no ensino fundamental, Lygia se interessou pela Biologia. Alguns anos mais tarde, prestes a prestar vestibular, descobriu a Engenharia de Computação, área que estava começando a se destacar, e essa possibilidade fez os seus jovens olhos brilharem à época.

Acabou cursando Física, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ), vislumbrando a área da Computação. E foi na graduação que Lygia da Veiga Pereira conseguiu unir sua paixão antiga pela Biologia com a sua nova perspectiva de carreira: durante um estágio, em que estudava o desenvolvimento embrionário na drosófilas como organismo modelo. A partir disso, sabia que trilharia seu caminho pela genética.

Dra. Lygia da Veiga Pereira em TEDx Talks falando sobre um dos assuntos que mais a interessam na genética: como uma única célula, que todos fomos um dia, sabe como se organizar e tomar forma para gerar os indivíduos?

Sólida trajetória na academia

Dois anos depois de concluir o bacharelado em Física, em 1990, completou o mestrado em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Logo em seguida, em 1994, o doutorado em PhD em Genética Molecular pelo Mount Sinai Medical Center de Nova York.

De volta ao Brasil, a Dra. Lygia da Veiga Pereira foi contratada pela Universidade de São Paulo em 1996. Desde 2013, é Professora Titular no Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) com projetos de pesquisas em manipulação de genoma, análise molecular de doenças genéticas e pesquisas com células-tronco embrionárias.

Em 2001 criou camundongos transgênicos para modulação de doenças humanas e em 2008 criou o Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE) do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, que lidera até hoje.

Dra. Lygia da Veiga Pereira foi pioneira na criação de células-tronco

Como parte dos seus estudos no Departamento de Genética e Biologia Evolutiva da USP, a pesquisadora começou a estudar células-tronco. No ano de 2008, Lygia conseguiu um feito histórico para a ciência do país. Ela foi a primeira brasileira a extrair e multiplicar células de embriões humanos congelados criando assim uma linhagem de células-tronco embrionárias.

A autonomia na criação de novas linhagens e na multiplicação dessas células, somados ao esforço governamental para o desenvolvimento científico na época, contribuíram para que o Brasil se tornasse um importante polo de pesquisa com células-tronco embrionárias, bem como de terapias regenerativas.

Dra. Lygia da Veiga Pereira em entrevista no programa Roda Viva em 2011 sobre os estudos com células-tronco embrionárias.

Guinada executiva e o nascimento da gen-t

Não é de hoje que a Dra. Lygia da Veiga Pereira empreende projetos pioneiros, mas a grande mudança é que agora, a gen-t, não está mais no âmbito da Academia.

Depois de entrar em contato com experiências internacionais que visavam fomentar o aumento da diversidade em bancos genéticos que foi pega pela veia empreendedora. Entre os projetos que a inspiraram, estão um banco genético africano, dedicado a mapear exclusivamente o genoma das populações africanas, e um banco dedicado a sequenciar o genoma de pessoas com doenças raras.

No final de 2020 e início de 2021, montou o plano de negócio com a ajuda de um dos seus atuais investidores e com outros cofundadores, e efetivamente em setembro do mesmo ano começou a estruturar a sua equipe e tirar a ideia do papel.

Atualmente, sob sua liderança há quase um ano, a empresa está em fase inicial de recrutamento de participantes para as primeiras rodadas de estudo. Apesar disso, ela já vislumbra os avanços para a medicina e para a saúde dos brasileiros que sua nova empreitada poderá trazer.

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